domingo, 24 de janeiro de 2010

"ARREPENDEI-VOS" !!!






João Batista, às margens do Jordão, pregava a sua mensagem dura, e até
agressiva: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”
(Mt.3:1-11). Líderes religiosos, das ordens dos fariseus e saduceus, iam
até ele para ouvi-lo e, quem sabe, provocá-lo para um debate. Não criam
nele (Lc.7:30; Mt.21:23-27), mas uma polêmica acerca de doutrinas ou da
Lei era sempre bem-vinda... Mas o tratamento que João lhes ofereceu
chocava: “Raça de víboras!” Para cada grupo que o procurava, as
instruções de João eram diretas (Lc.3:2-20): “quem tiver
duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma... quem tiver alimentos,
faça o mesmo... a ninguém maltrateis,... a ninguém enganeis...”

Mas João não se limitava a “pregar arrependimento”. Queria resultados
concretos, e a isso ele chamava “frutos dignos do arrependimento”
(Mt.3:8). João queria ver mudanças de conduta e de vida naqueles que se
diziam arrependidos; por isso insistia: “produzi frutos...”

Sobre o batismo em água, João explicava: “Batizo-vos em água para
arrependimento” (Mt.3:11) e para remissão dos pecados. E o povo vinha,
confessando seus pecados (Mc.1:4-5)

Logo mais, por condenar o pecado, João seria preso, mas a pregação do
arrependimento prosseguiu com Jesus. Voltando do deserto, começou Jesus
a pregar: “Arrependei-vos, e crede no Evangelho” (Mt.4:17). Jesus se
manifestou "para tirar os *nossos pecados" (1Jo.3:5), e Ele fez isso
pregando arrependimento: “se não vos arrependerdes, todos perecereis”
(Lc.13:1-5). Tendo “morrido por nossos pecados” (1Co.15:3), e
ressuscitado “para nossa justificação” (Rm.4:25), Jesus designou seus
discípulos para “pregar o arrependimento e a remissão de pecados” em
todas as nações (Lc.24:47). Ou seja, esta bandeira não pode cair; o
arrependimento precisa continuar sendo pregado!

No dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro teve a sua oportunidade, e falou
aos judeus com veemência, acusando-os do pecado de terem rejeitado o
Filho de Deus: “O crucificastes e matastes... mas a esse Jesus a quem
vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Messias” (At.2:23,36). Os
ouvintes sentiram o peso de seu pecado e perguntaram “Que faremos,
irmãos?” E Pedro tinha a resposta pronta: “Arrependei-vos! Salvai-vos
desta geração perversa!" (At.2:37-40).

Muitos anos mais tarde o apóstolo Paulo chegou a Atenas e pregava
“coisas estranhas” (At.17:18-20). No Areópago lhe deram a palavra, e
Paulo anunciou o plano da salvação, terminando por dizer que “Deus...
anuncia agora, a todos os homens e em todo o lugar, que se arrependam!”
(At.17:30).

Novamente voltamos ao princípio: O ARREPENDIMENTO. Era o que João
Batista pregava, foi o que Jesus pregou, foi o que Pedro pregou, e foi
também o que Paulo pregou. Estavam todos errados? Ou, se estavam certos,
por que não os imitamos? Por que a Igreja de Cristo, neste
início-de-século, abandonou a pregação do arrependimento?

Porque pregar arrependimento deixa os ouvintes desconfortáveis; porque
significa dizer que Deus não está satisfeito com nossas vidas. É a forma
bíblica de tratar de frente o problema do pecado, e este assunto
desagrada: ninguém gosta de admitir, sequer, que esteja envolvido
“nisso”. Pregar arrependimento desagrada o público, mas deixar de
pregá-lo desagrada a Deus. E para a maioria dos pregadores, tem sido
mais importante agradar o público!

A doutrina cristã ensina que o homem é salvo pela fé, mas ensina também
que o arrependimento antecede a fé, ou prepara o caminho para a fé.
Jesus não disse “crede e arrependei-vos”, mas (_primeiro)_
“arrependei-vos”, e (_depois)_ “crede no Evangelho”.

O homem vive para o seu próprio prazer, e o pecado é o seu hábito. A
prática do pecado traz à luz a natureza má do homem, e o seu estado de
permanente rebelião contra Deus. “Todos estão debaixo do pecado; não há
um justo, nem um sequer; todos se extraviaram... não há quem faça o bem,
não há nenhum só” (Rm.3:9-18). O salário do pecado é a morte (Rm.6:23),
e é bom que todos saibam que Deus é bom pagador! “Minha é a vingança”
(Dt.32:35), diz o Senhor, e “Eu lhes retribuirei” (Jr.25:14). “Tudo o
que o homem semear, isso também ceifará”, escreve o apóstolo (Gl.6:7).

Mas no grande dia da Sua ira, “quem pode subsistir?” (Ap.6:17).
Resposta: o que se humilhou e confessou o seu pecado; o que se rendeu
a Deus e se dispôs a obedecê-Lo; o que creu na Palavra e entrou pela
única porta,jESUS, que Deus oferece aos que desejam salvar-se. E como se faz
isso? Mediante o arrependimento!

O arrependimento bíblico é gerado no coração do pecador (e não em sua
mente!), pelo Espírito Santo de Deus. Quando é pregada a Palavra de
Deus, o Espírito Santo usa a Palavra pregada como um instrumento
cortante em Suas mãos, e convence o homem de que ele é um pecador
(Jo.16:8), pois esta convicção de pecado é uma exigência de Deus
(Os.5:15).Só quem pode convencer um homem de seu pecado é o Espírito
Santo, e sem esta convicção o homem não está interessado em perdão.E
o propósito do Espírito de Deus é gerar vida eterna no coração do
pecador; somente o Espírito gera vida; a mente humana produz
especulações mortas.

Arrependimento bíblico significa:

a) convicção: a certeza íntima de que “eu sou um pecador...
não estou em condições de me apresentar diante de Deus... quando
morrer, estarei perdido para sempre... preciso fazer alguma coisa...”

b) contrição: tristeza e vergonha por ter ofendido a santidade de
Deus com uma conduta má e indigna dEle.

c) confissão, ou seja a admissão pública, por palavras ou por
gestos, de que admito ser pecador, e que assumo e aceito a
responsabilidade pelas conseqüências do meu pecado.

d) confiança na Sua Palavra e em Sua promessa de perdão e
misericórdia.

e) conversão, ou seja, mudança decidida e voluntária dos maus
hábitos, abandono total do pecado, rejeição das práticas sujas e
imorais; - e a adoção de novos caminhos, novo linguajar, “novidade
de vida” em tudo!

Arrependimento bíblico é isto, e foi exatamente isto que Jesus e Seus
apóstolos pregaram. Ora, quem semeia trigo colhe trigo, mas quem semeia
urtiga, só pode colher urtiga. Se nós pregarmos arrependimento, a igreja
se encherá de pessoas realmente regeneradas, purificadas de todos seus
pecados e marchando, decididas, para o céu. Mas se não pregarmos
arrependimento, porém qualquer outra coisa (são tantas as opções...), a
igreja se encherá também... mas de adeptos, de simpatizantes, de
religiosos... só não de pessoas regeneradas. A má semeadura garante a
colheita má!

Faz muitos anos que a igreja abandonou a "pregação antipática" mas
saudável do arrependimento. E para ser “salvo” agora, basta levantar uma
mão e ir até junto do altar e ali escutar uma oração que, em média, dura
menos que dois minutos! Às vezes pede-se que “repita comigo esta
oração”, e então o candidato a cristão repete como papagaio algumas
palavras que saem de seus lábios, mas raramente do coração. Ora, se o
Espírito Santo não convenceu o homem do seu pecado, ele não se
arrependerá; e...

a) se não houver arrependimento genuíno e de coração;

b) se não for quebrado o orgulho do homem natural; se ele não se
humilhar “de coração” perante o Senhor...

c) se não houver abandono decidido de todo pecado e de toda rebelião
contra Deus...

d) se não houver conversão voluntária e irreversível...

... então não há novo nascimento e, portanto, não há salvação! Se
bastasse levantar uma mão para entrar no céu, Satanás seria o primeiro...

E agora? “Examine-se o homem a si mesmo..." ,"provai-vos a vós mesmos”
(1Co.11:28 ; 2Co.13:5). Para ajudá-lo vão aqui algumas perguntas
“antiquadas”: responda-as diante de Deus!

Você tem um claro entendimento da Santidade de Deus e da extrema
gravidade do pecado?

Pecado é, para você, uma coisa asquerosa, absolutamente má, e
detestável? Você repugna e abomina o pecado de todo o seu coração?

Você sente a dor do Espírito se você comete algum pecado?
Confessa-o de imediato e pede perdão, arrependido?

Você vive em comunicação espiritual com Deus (é o que se chama
“comunhão”)? Esta comunhão com Deus é preciosa para você, ou lhe é
indiferente?

Você ama a Deus, à sua família e aos seus irmãos em Cristo com o
mais puro amor de Jesus? Ainda há lugar para ódio, ou rancor, ou
inveja, no seu coração?

Surgiu em seu coração uma paixão ardente pelos que morrem sem
Jesus? Ou você encolhe os ombros diante da desgraça espiritual
alheia?

Quando você ouve dizer que Jesus voltará muito breve, para tomar
para Si os que são Seus, isto lhe dá alegria? Ou você se sente
inseguro e assustado ao pensar no rapto da Igreja?

A leitura da Bíblia lhe é preciosa ou lhe dá tédio?

Ao orar, crê que suas orações serão atendidas?

A salvação lhe traz alegria real, ou você a considera uma coisa
“normal”?

O ensino bíblico da Santificação lhe fascina, ou lhe aborrece? O
fardo de Jesus lhe parece leve ou pesado?


Você deve examinar-se, na presença de Deus. Se você “passou da morte
para a vida” (IJo.3:14) porque todos os seus pecados foram perdoados;
se Jesus foi coroado Rei da sua vida (ITm.6:15); se agora o seu
tesouro está lá no alto e não mais aqui na terra (Mt.6:19-21); e se o
Espírito Santo fez morada no seu coração (Rm.8:9), então você é salvo e
nascido de novo! Dê glórias a Deus, sem cessar, e viva para Aquele que
morreu e ressuscitou por você; disponha-se a trabalhar para Ele, na
medida em que Ele lhe convocar.

Mas se você tem dúvidas, ou se respondeu negativamente àquelas perguntas
aí em cima, então você precisa repensar a sua vida, e com urgência! Há
milhares de “crentes” que vestem uma máscara de religioso, mas que não
tem vida. Jesus veio trazer vida, e vida com abundância (Jo.10:10), mas
muitos “crentes” permanecem na morte. E, neste caso, o que faço?
Arrependa-se!

Se disserem que arrependimento é para o descrente, leia Apocalipse
2:5,16,21-22 ;Ap 3:3,19, e veja como Jesus escreveu _às igrejas_ da Ásia,
mandando que se arrependessem. Há sempre uma nova oportunidade à espera
daquele que ainda não se arrependeu e que não abandonou, ainda, o
pecado: “Eu repreendo... àqueles a quem amo”, disse Jesus (Ap. 3:19).