INTRODUÇÃO
Cada evangelho enfatiza uma qualidade de Cristo. Mateus demonstra Jesus Cristo como Rei. Marcos descreve Jesus Cristo como Servo. Lucas denota Jesus Cristo como Homem e João mostra Jesus Cristo como Deus.
Sendo que o Evangelho de João destaca a divindade de Cristo, segue que a morte de Cristo é narrada com ênfase na natureza divina de Cristo.
Temos então nesta passagem:
João 19.28-30 – A Soberania de Cristo na Morte
João 19.34 – A Redenção de Cristo na Morte
João 19.35-37 – As Testemunhas de Cristo na Morte
1. A SOBERANIA DE CRISTO NA MORTE
A. O ENTENDIMENTO SOBERANO DE CRISTO
“Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas” – João 19.28
Cristo foi um homem de conhecimento. Na sua nascença o Seu nome foi Conselheiro. Um conselheiro deve saber muitas coisas pois um conselheiro deve dar bons conselhos – conselhos que são provados.
Cristo foi um homem de maior conhecimento que Salomão. Contemplando as ações dos homens, Salomão entendeu muitas verdades (Eclesiastes 2.3) mas Cristo contemplou o coração do homem e poderia perceber os motivos independentemente das suas ações (Lucas 5.22).
Cristo tinha um conhecimento exaustivo das Escrituras. Jesus Cristo é as Escrituras (João 1.1) e as Escrituras testificam dEle (João 5.39). Cristo sabia o rumo que a Sua vida levará desde o começo. Ele sabia todas as passagens obscuras da Palavra de Deus e Ele entendeu-as. Ele sabia todos os mandamentos que precisava cumprir, e cumpriu-as.
Cristo tinha um conhecimento infalível do tempo de Deus. Eclesiastes 8.5 diz: O coração do sábio discernirá o tempo e o juízo. Mesmo que um homem sábio conhece o tempo de Deus, nem sempre pode cumprir o tempo, e portanto vive em tristeza constante.
Cristo discerniu o tempo de Deus. Cristo não discerniu o tempo de Deus independentemente de Deus. O Espírito Santo de Deus comungava com Cristo da mesma forma que o Espírito Santo tem revelado algumas coisas aos homens (Simeão, o Sacerdote – Lucas 2.26).
Cristo estava contente com o tempo de Deus. Porque Cristo viveu inteiramente para a gloria de Deus, Ele estava contente com o tempo de Deus, porque Ele sabia que o tempo de Deus glorifica a Deus (João 17.1).
O entendimento soberano de Cristo na morte aponta para um Salvador obediente. Cristo fielmente pregou a Palavra de Deus mesmo sabendo que levaria a Sua morte. Ele pregou nas Sinagogas e no Templo sabendo que os Judeus iriam crucificar Ele por isso um dia.
O entendimento soberano de Cristo na morte permitiu obediência completa. Ele cumpriu a Palavra de Deus no tempo de Deus. Nós falhamos nesse ponto frequentemente, obedecemos mas não quando devemos. Continuamos quando deveríamos parar. Paulo lamenta: Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. (Romanos 7.19). Mas Cristo tinha obediência completa.
B. A SOBERANIA DE CRISTO SOBRE A SUA HUMANIDADE
“... Para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” – João 19.28
A soberania de Cristo sobre a Sua humanidade. Cristo tomou a forma de servo, e fez-Se semelhante aos homens (Filipenses 2.7). Ele não foi forçado por qualquer pessoa nem por qualquer dos Seus atributos, mas fez de boa vontade (Filipenses 2.8).
A soberania sobre a Sua humanidade permitiu que Ele servisse a Deus na Tentação. Ele estava de jejum por 40 dias e 40 noites e depois Satanás em pessoa vem tentar Ele. Quando nós somos tão facilmente derrotados pela tentação, maravilhamos da vitória de Cristo sobre a tentação. Cristo venceu a tentação e o Diabo (Mateus 4.10).
A soberania sobre a Sua humanidade permitiu que Ele servisse a Deus sobre a cruz. Na cruz foi mais importante cumprir as Escrituras do que procurar uma saída do desconforto físico. Enquanto estava na cruz, estava vendo os mandamentos que precisava cumprir. É obvio que Cristo verdadeiramente considerou fazer a vontade de Deus a Sua “comida” (João 4.34).
C. A SOBERANIA DE CRISTO SOBRE A MORTE
“E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” – João 19.30
A soberania de Cristo no entregar do espírito. A palavra grega traduzida “entregou” é “paradidomi” e significa “entregar nas mãos de um para usar ou guardar.”
Pergunta: Para quem Cristo entregou o Espírito?
Resposta: Cristo entregou o Seu espírito a Deus. Cristo pagou o preço do pecado pois a morte é o salário do pecado. Ele não precisava sofrer a punição do pecado. Todos pagam o preço do pecado no sentido que todos morrem. Mas somente aqueles fora de Cristo sofrem a punição do pecado, ou a condenação do pecado.
Cristo estava completamente ciente de entregar o espírito. O versículo diz que Ele “inclinou a cabeça” ou seja, por seis horas ele mantive a sua cabeça erguida. E a Sua cabeça ainda estaria erguida hoje, se Ele não tivesse inclinado-a e entregado o espírito.
2. A REDENÇÃO DE CRISTO NA MORTE
“Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.” – João 19.34
O sangue de Cristo saiu, primeiro. Nas Escrituras, o sangue de Cristo representa a redenção (Efésios 2.13).
Pergunta: O que é a doutrina da redenção?
Resposta: A doutrina da redenção é a maneira que Cristo pagou nossos pecados. Ele cancelou a divida? Não, senão a justiça de Deus seria insatisfeita. Cristo pagou a nossa divida em cheio.
A água de Cristo saiu, segundo. Nas Escrituras, a água representa a santificação de Cristo através do Espírito Santo.
Redenção sempre precede santificação, logicamente. Cristo precisa pagar pelo os nossos pecados e plantar em nós um coração novo. Santificação é o entregar da nossa carne para seguir a nova natureza dentro do nosso coração.
A redenção de Cristo nos liberta da condenação dos nossos pecados passados. Com Paulo dizemos: Agora nenhuma condenação há (Romanos 8.1). A redenção de Cristo não é fraco para que necessitamos de boas obras para cuidar dos pecados passados. A Sua redenção pelos nossos pecados passados é suficiente, completo, e final.
A redenção de Cristo nos liberta do poder dos pecados presentes. Este é a redenção progressiva. A redenção de Cristo estenda sobre todo pecado que cometemos – tanto os pecados conscientes como os pecados não conscientes. É a redenção que nos dá a vitória sobre pecado e o Diabo.
A redenção de Cristo nos libertará da presença dos nossos pecados. Um dia, no céu, estaremos livres da presença do pecado. Mas até aquele dia, o sangue e água de Cristo, a Sua redenção e santificação, estão correndo do Seu lado.
3. AS TESTEMUNHAS DE CRISTO NA MORTE
“E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.” – João 19.35
As obras de Deus estão sempre tão evidentes que deixam um registro testemunhado. Até os céus testemunham da gloria de Deus (Salmos 19.1). Sempre terá uma testemunha das grandiosas obras de Deus. A morte de Cristo foi testemunhada por duas pessoas:
A. POR JOÃO
O testemunho de João foi de vista. Ele viu Cristo morrer, e pedi que todo crente confie nas suas palavras. Oh se tivemos a honestidade dentro de nós que, quando nós falássemos, outros poderiam receber as nossas palavras como verdadeiros!
B. POR DEUS
O testemunho de Deus foi de cuidado. Deus cuidou do Seu Filho na Cruz. Deus cuida dos Seus filhos mesmo quando esses se acham pagando o preço do pecado.
A profecia é evidencia que Deus testemunhou a morte de Cristo (João 19.36). Recebendo mandamento de Pilato, os Romanos saíram para quebrar as pernas dos homens na cruz. Mas Deus tinha profetizado que nenhum osso seria quebrado. Normalmente demora três dias para um homem morrer na cruz, e o costume de quebrar as pernas foi para acelerar a morte. Mas Cristo tinha entregado o espírito depois de seis horas. Somente assim os Romanos poderiam desobedecer às ordens sem pagar com as próprias vidas. Deus mantém a Sua Palavra infalível.