terça-feira, 13 de outubro de 2009

ISMAEL E O DEUS SOBERANO Gn 21:8-21


Um homem de 75 anos, criado em uma família idólatra, por volta do ano dois mil antes de Cristo, deixa sua cidade natal, uma metrópole moderna para os padrões da época, e vai para a Palestina. Ele empreende esta viagem por ordem do Deus Único, criador dos céus e da terra, que lhe prometeu abençoar e fazer dele e de seus descendentes uma grande nação. Foi uma viagem extremamente longa, que o levou a passar por regiões que hoje são conhecidas como Turquia, Síria e Líbano, acompanhado de seus familiares, servos e rebanhos. Depois de 10 anos de espera, sua mulher, já sem esperanças de ter filhos, resolve sugerir que, para resolver o problema, lancem mão de um recurso muito utilizado na época: ter descendência através de uma de suas escravas.
O que vemos nos textos que relatam essa história é um casal vivendo um grande drama familiar. Se você parar para pensar por alguns instantes, certamente se lembrará de algum casal que está vivendo, ou que já viveu, o drama de desejar um filho, sem sucesso. Isto acontece com milhares de pessoas. A tentativa de adoção não funciona, as modernas técnicas de fertilização não dão certo, os anos vão se passando, a idade vai chegando, as orações aparentemente não são respondidas e a desesperança começa a tomar o lugar do que, um dia, foi a certeza de que Deus abençoaria o relacionamento matrimonial com filhos e uma grande família. E a desesperança torna-se tão forte que o casal começa, inclusive, a considerar algo que mostra claramente o grau de desespero a que chegaram: a barriga de aluguel. “Que outra mulher poderia ter o tão desejado filho ou filha que, até agora, não pudemos ter pelos meios naturais nem artificiais”, pensam Abraão e Sara.
No contexto cultural de Abraão era normal que um casal com recursos econômicos e que não tivesse filhos “adotasse” um de seus escravos, nascido em sua própria casa, como seu herdeiro. Isto nos ajuda a entender porque Abraão, em Gênesis 15, diz para Deus, em tom de reclamação, que Eliezer, um de seus servos, seria seu herdeiro. Da mesma maneira que hoje é aceitável que casais sem filhos façam tratamentos nos casos de infertilidade, no mundo antigo era perfeitamente aceitável que casais na mesma situação solucionassem o problema por meio de uma concubina.
Um contrato de casamento, descoberto por arqueólogos na região mesopotâmica e redigido ao redor do ano 1500 a.C., diz o seguinte em um dos trechos:
“Se Gilimninu [a esposa] gerar filhos, Shennima [o esposo] não tomará para si outra mulher. Mas se Gilimninu não gerar filhos, ela deverá buscar para seu marido uma escrava que será sua concubina. Em tal caso, Gilimninu terá autoridade sobre a criança que nascer.”
Como fruto da proposta de Sara, de Abraão ter um filho com sua serva egípcia Agar, nasceu Ismael, o “filho da outra”. Durante treze anos Abraão acreditou que Ismael seria seu herdeiro, e que as promessas de Deus se cumpririam por meio dele. Porém, quando Abraão tinha 99 anos, ou seja, 24 longos anos depois de ter recebido a promessa de Deus, e quando Ismael já tinha 13 anos, é que o Senhor lhe fala claramente que a promessa de que ele seria pai de uma grande nação se cumpriria através do filho que nasceria como fruto do relacionamento com Sara, que naquela época tinha quase 90 anos (Gênesis 17:15-23), e não através de Ismael. Mesmo assim, Deus fez importantes promessas a Abraão a respeito de Ismael.
Quando Isaque nasceu, Ismael tinha 14 anos. Dois ou três anos depois, numa festa em que se comemorava o dia que Isaque foi desmamado, Sara viu Ismael caçoando de Isaque e disse a Abraão que rejeitasse Agar e Ismael, para que Ismael não fosse herdeiro juntamente com Isaque (Gênesis 21:8-10). Esta situação entristeceu sobremaneira a Abraão, mas Deus lhe disse que não temesse, pois apesar de que as promessas se cumpririam por meio de Isaque, por causa de Abraão, Ismael também seria abençoado.
As promessas de Deus para Ismael:
  • Sua descendência seria tão numerosa que seria impossível contá-la;
  • Será selvagem e feroz, viverá em conflito e hostilidade com seus irmãos;
  • Será abençoado por Deus;
  • Será pai de 12 príncipes;
  • Será um grande povo.
Em Gênesis 25:12-18 vemos os nomes dos doze filhos de Ismael, “doze príncipes de seus povos”, mostrando o inicio do cumprimento das promessas de Deus sobre Ismael. De acordo com a mesma passagem eles habitaram na península arábica, no que hoje seria a Arábia Saudita e o Iêmen. Dos descendentes de Ismael formaram-se diferentes tribos árabes. Eles eram nômades e se estabeleceram “fronteiro a todos os seus irmãos” (Gn 25:18), provavelmente referindo-se aos descendentes de Abraão por meio de Isaque.
Na relação dos descendentes de Ismael, descrita em Gênesis 25, vemos que o primogênito foi Nebaiote e o segundo filho foi Quedar. No capítulo 60 do livro de Isaías, que fala da glória de Israel no Reino Milenar em que Cristo Reinará, vemos, no versículo 3, que os povos se encaminharão para a luz que emanará de Jerusalém. Entre estas nações vemos os nomes de Nebaiote e de Quedar, ou seja, representantes de povos árabes, descendentes de Ismael. Em Apocalipse 5:9 vemos que o Cordeiro comprou para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação. Sem dúvida alguma aí estão incluídos os descendentes de Ismael, o menino filho de uma escrava estrangeira, que foi abençoado por Deus e cujo destino era se tornar uma grande nação.

"Deus é Soberano e Fiel, por isso Ele cumpriu Suas promessas feitas a Abraão. Não será diferente conosco. O que Ele nos prometeu irá cumprir. Ele é O Grande EU SOU" !!!